Ah... meus vinte anos...
Aos vinte achamos que tudo sabemos
Achamos que entendemos o mundo, as pessoas, a vida...
Achamos que tudo podemos
Achamos ser adultos, crescidos, maduros
O tempo passa, os vinte ficam no caminho
Aos trinta...
Vemos que nada sabemos e pouco vivemos
Nada sabemos de nós, dos outros, do mundo, do espaço, do tempo, do céu, do mar, do ar, de Deus, do amor, da vida
Pouco vivemos, pouco aprendemos, pouco sonhamos, pouco sofremos
Ah... meus vinte anos...
Aos vinte, cada amor é único, é mágico, é forte, é eterno
Aos trinta, o amor é sensato
Aos vinte, sofrer por amor é desespero, é loucura, é mágoa, é raiva, é dor
Aos trinta, sofrer é reflexão
Ah... meus vinte anos...
Lembro-me como se fosse hoje...
Aqueles olhos...
Ah... Aqueles olhos...
Aqueles olhos verdes, aqueles cabelos lisos, aquela pele branca, aquela voz macia
Paixão!
Paixão avassaladora, intensa, efêmera
Paixão que encanta, que corrompe, que cessa
Paixão que maltrata, que adoece
Simplesmente paixão
Pobres vinte anos...
No caminho trinta...
Novamente um par de olhos verdes, outro sentimento
Sentimento novo, desconfiado, medroso
Sentimento estranho, gostoso
Não era paixão, não era loucura
Primeiro atração
Depois encanto, confusão, calmaria, saudade, falta, fim
Ah... Sentimento estranho...
Chega devagar, confunde
Deixa lembranças, deixa carinho
Sentimento utópico narrado por filósofos e profetas
Não entendemos, erramos
Ah... meu caminho trinta...
por S. Borges